“É muito comum receber em terapia pessoas que sentem que não foram amadas por sua mãe, ao menos não da forma como gostariam. Essa dor tem suas origens lá na infância, a partir das experiências da criança com sua mãe e de como ela as recebe e registra. Sendo uma criança, ela ainda não dispõe dos recursos psíquicos de um adulto, e todas as experiências significativas, as agradáveis e as desagradáveis, ficam marcadas de uma forma muito profunda. Ao se tornar adulta, ela continua muitas vezes presa a essa dor de se sentir rejeitada, permanecendo numa postura imatura de exigir que sua mãe lhe dê o que ela acredita não ter recebido.
Isso traz grandes implicações para a vida da pessoa, pois ao se manter focada na falta que sente, ela deixa de direcionar sua energia para a construção da própria vida de uma forma madura e saudável. Uma parte dessa dinâmica acontece de forma inconsciente, o que só contribui para que a pessoa mantenha suas exigências infantis em relação à mãe. É a partir dessa perspectiva imatura de falta e carência que ela vai se posicionando em seus relacionamentos, e como consequência, pode atrair pessoas igualmente imaturas, com comportamentos e exigências infantis direcionadas a ela.
No trabalho com as constelações familiares, percebemos que muitas vezes, quando a mãe não está disponível para a filha, é porque ela mesma está com sua energia voltada para a própria mãe, de quem também sente não ter recebido amor. A dor da rejeição sentida pela filha é a mesmo dor vivenciada por sua mãe.
As fotos que compartilho com vocês são uma remontagem de parte da constelação que me inspirou a escrever esse texto. Nela, a cliente (verde) mostrou toda a sua dor por se sentir rejeitada pela mãe (vermelho), que ela posicionou de costas para si. Na sequência do trabalho, vimos que a atenção da mãe estava toda direcionada à própria mãe, avó da cliente. Sendo uma entre mais de dez filhos, a mãe se sentia completamente invisível aos olhos maternos. A partir do movimento de reconciliação entre essas ancestrais, a mãe pôde se sentir vista, reconhecida e fortalecida, tornando-se então disponível para a filha.
Mesmo depois da abertura de sua mãe para ela, a cliente ainda sentiu dificuldade de receber o amor materno, pois a dor de se sentir rejeitada tinha raízes profundas. Foi a partir de uma lembrança de seus tempos de estudante – ela concentrada nos estudos, em seu quarto, e sua mãe levando-lhe um lanche – que ela pôde sentir a grandiosidade do amor de sua mãe. Que não era demonstrado da maneira carinhosa como ela gostaria, mas sim, na forma de preocupação com a alimentação e os estudos da filha. Essa percepção abriu-a então para tomar para si todo o amor que sua mãe tinha para lhe dar, da forma como lhe foi possível oferecer.
“Cada um dá de si aquilo que tem para dar, nem uma gota a mais”. Estar em paz com o que nossos pais puderam nos dar é uma via larga para o amadurecimento e sucesso na vida, na medida em que soltamos expectativas e cobranças, ficando liberados para seguir nosso próprio caminho.
Eu te convido para conhecer a força das Constelações Familiares.”
Por Marcela – Terapeuta Spiritualiter